Couro Cultivado

Por Ale Farah, especial para ADN reset

A diferença entre o que é natural e o que é sintético está cada vez mais confusa  Em nossa última coluna da trilogia sobre novos couros, está o cultivado, uma tecnologia revolucionária, muito inovadora e que atrai milhões de dólares. 

Couro de laboratório, couro cultivado, couro celular. É tudo a mesma coisa e significa que através de uma pequena biópsia em um animal vivo, as células de colágeno são retiradas e colocadas em biorreator onde recebem nutrientes para se transformarem em pele. O material biofabricado cresce em poucas semanas e é idêntico ao couro tradicional. E já nasce tingido e finalizado no tamanho necessário. É couro de animal, provém do animal, mas não é. Uma coisa mais ou menos Ovelha Dolly.

Assim como na indústria alimentícia, onde acontece a corrida pelas novas proteínas ( Singapura é o único país onde já está sendo comercializado um filé de frango crescido em laboratório), na indústria do couro, que gira 400 bilhões de dólares ao ano, startups estão, há cerca de uma década, pesquisando alternativas mais responsáveis. Nesta nossa trilogia já falamos do couro de plantas e do couro de micélio, que já estão sendo comercializados. Agora chegamos no auge da inovação com o couro cultivado. Ainda está na fase de testes e deve levar um tempo para chegar ao mercado.

Em maio, a Kering, empresa que detém marcas como Gucci e Balenciaga, investiu na californiana VitroLabs. Leonardo DiCaprio também investiu. No totat, a rodada arrecadou $46 milhões de dólares. Kering e Vitrolabs já estão trabalhando juntas desde 2018. A diretora de sustentabilidade, Marie-Claire Daveu, diz que “na Kering, um dos pilares do roteiro de sustentabilidade é a procura de materiais alternativos que reduzam nosso impacto ambiental a longo prazo. Por isso estamos interessados no potencial de biomateriais.”

Produzir couro animal a partir de apenas algumas células e sem desflorestar, sem ter que plantar milho e soja em monoculturas gigantescas, sem criar os animais durante anos e sem matá-los cruelmente para tirar a pele? Sim. Os novos couros são um caminho sem volta.

Em 2018, a startup de New Jersey @ModernMeadow entrou para o acervo do Museu de Arte Moderna de Nova York, o MoMa, com uma camiseta feita de algodão e Zoa, nome do seu couro cultivado.
Outra empresa californiana especializada em biofabricação e que trabalha em sua versão de couro cultivado é a @boltthreads, a mesma que produz o couro de micélio Mylo e a seda de aranha, muito mais resistente que a do bicho da seda. Ambos materiais já usados por Stella McCartney. No ano passado, a francesa @faircraft.bio entrou na corrida para crescer seu próprio couro em laboratório.

Agora é esperar para saber qual marca vai fazer história na moda ao lançar no mercado o primeiro item fashion de couro cultivado. Estou na fila.

Para saber mais sobre o processo de biofabricação de couro cultivado, deixo o link dessa entrevista que fiz em Nova York com a incrível Suzanne Lee, musa da biofabricação, diretora da Modern Meadow.

http://globotv.globo.com/editora-globo/vogue-tv/v/vogue-tech-couro-e-hamburguer-de-carne-sem-animal-envolvido/6723777/

Similar Posts

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *